domingo, 5 de setembro de 2010

Brasil 2002-2006-2010 (do Blog do Emir)

O Brasil mudou muito nestes 8 anos. Não pretendemos dar conta aqui de todas essas transformações – tarefa indispensável para poder pensar em sua globalidade o presente e o futuro do Brasil. A pretensão agora é apenas fixar alguns flashes sobre esses três momentos: o da primeira eleição do Lula, o da sua reeleição e a da eleição atual.

A primeira foi basicamente a eleição da rejeição do governo de FHC. Lula e Ciro Gomes o atacavam duramente, Serra tratava de não ser o candidato a continuidade (“continuidade sem continuísmo” o malabarismo verbal do ex-ministro do governo FHC). Ganhou Lula, incorporando o tema da estabilidade monetária, mas impondo a questão da prioridade do social. No final da campanha havia uma espécie de resignação da direita e da sua direção política e ideológica, a velha mídia.

Em 2006 a direita estava excitada pelas campanha que havia desatado contra o governo, em 2005 e que, pretendendo ter sangrado o governo, pretendiam impor sua derrota eleitoral em 2006. A foto que, segundo sua versão, fez a disputa chegar ao segundo turno, deu-lhes a confirmação da manutenção do poder midiático com que haviam feito Lula descer para a casa dos 30% na sua aceitação no ano anterior.

O segundo turno demonstrou como a realidade escapava à estreita forma de percepção da velha mídia. As políticas sociais do governo já começavam a ter efeitos e veio daí o apoio que levou Lula a uma vitória significativa. A direita foi vítima da sua própria ótica superficial de ver o país, apenas no estreito circulo que eles mesmos formam da opinião pública forjada por eles. Como não fazem cobertura do país na sua totalidade, nas suas dimensões sociais, econômicas, culturais, que afetam à grande maioria da população – que é pobre, pelo tipo de país que eles mesmos produziram – lhes escapou o novo estado de animo que começava a existir na massa da população.

Chegaram a 2010 sem se dar conta que o país de 2002 tinha mudado e, com ele, se esvaziado totalmente o poder de manipulação da mídia sobre a opinião política da população. Se em 2006 se considerava que uma foto teria levado ao segundo turno das eleições presidenciais, agora apelam para tudo – inclusive para parentes próximos do candidato da direita – e submetem os decrescentes leitores, ouvintes e espectadores dos seus meios a uma enxurrada de denuncias forjadas, e não conseguem nada. Esta rodada de pesquisas tinha gerado neles expectativas de medir seu poder e elas trouxeram o resultado: esse poder está reduzido a traque, a nada.

Os temas que o povo valoriza e a credibilidade zero da velha mídia fazem com que nada tenha se alterado, com a Dilma tendo o dobro dos votos do Serra, apesar de toda a velha mídia promover a candidatura deste o tempo todo.

Criou-se uma nova maioria no país, que valoriza a universalização dos direitos, o governar para todos, o papel do Estado como agente do crescimento econômico e de garantia dos direitos sociais, contra a prioridade do ajuste fiscal, do Estado mínimo e do mercado máximo. Esta uma das principais mudanças do Brasil nestes 8 anos.

A derrota acachapante da direita nestas eleições abre espaço para que essa maioria tenha condições de se erigir em novo sujeito político no Brasil, avançando para construir uma sociedade justa, solidária, soberana, para a construção do outro Brasil possível que começa a despontar no horizonte. 

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